Histórias incríveis e reais de pessoas que sobreviveram a condições extremas!

domingo



É final de outubro e você e sua vizinha estão surpresos com o ótimo clima fora de estação. Para aproveitar o lindo dia, você decide fazer uma caminhada. Sua vizinha deve voltar para terminar um relatório financeiro que está fazendo e você deve encontrar sua namorada na manhã do dia seguinte. Você imagina que não irá andar muito, por isso leva poucas coisas - algumas garrafas de água, um vidro de protetor solar, alguns sanduíches, barras de cereais e seu celular.


A paisagem e o clima estão tão bons que você perde a hora e, antes que perceba, o sol começa a se pôr: é hora de voltar! Um pouco mais tarde, ocorre um acidente. Você tropeça, cai num precipício e quebra a perna. Com seu peso de 109 kg, não há como a pequena vizinha, com apenas 52 kg, puxar você. Você está quase sem água, comeu tudo o que tinha e o celular não dá sinal...
Muita gente se envolve em apuros semelhantes todo ano. O que fazer? Neste artigo, vamos ver várias histórias surpreendentes de sobrevivência - acompanhando os obstáculos pelos quais cada um passou e o que foi feito para superar essas terríveis experiências. Essas narrativas são inspiradoras e didáticas - trazem informações relevantes sobre o que fazer ao se deparar com uma situação parecida.

Perdido no mar

Steve Callahan sobreviveu durante mais de um mês sozinho em alto-mar, num bote inflável. Em janeiro de 1982, ele zarpou das Ilhas Canárias num pequeno barco que ele mesmo fez. A embarcação afundou seis dias depois e Callahan ficou à deriva num bote salva-vidas de 1 metro e meio de extensão.
Com apenas 1,5 kg de comida e quatro litros de água, um destilador solar e um arpão de pesca improvisado, ele conseguiu sobreviver até o resgate, 76 dias depois. Ele provavelmente não teria conseguido sem o destilador (que pode tornar a água do mar potável) e o arpão. Durante seus mais de dois meses no oceano, o bote em que estava viajou quase três mil quilômetros. Durante toda a provação, Callahan lutou constantemente contra a morte. Ele não apenas perdeu peso, o que o deixou em estado de desnutrição, mas também ficou muito bronzeado e volta e meia lutava contra os tubarões. Embora se sentisse praticamente invisível quando os barcos passavam sem notá-lo, a determinação de Callahan em continuar vivendo foi incrível. Ele comeu todo o tipo de peixe que podia e encontrou maneiras de ocupar sua mente. Seu raciocínio rápido salvou sua vida. Mesmo quando seu bote começou a dar sinais de vazamento, ele conseguiu mantê-lo flutuando por mais 33 dias, até seu resgate.

Perdido sobre uma prancha

"Pensei: o jogo acabou... vamos voltar ao ponto zero. Eu desisto".
Quando Eric LeMarque tirou o dia para praticar snowboarding nas montanhas de Serra Nevada, Califórnia, num dia frio e ensolarado no início de março de 2003, não tinha idéia de que à noite estaria perdido e se afastando pouco a pouco de seu abrigo. Enquanto procurava uma plataforma para a prática do esporte, o ex-jogador olímpico de hóquei acidentalmente mudou o trajeto durante os 3.353 metros das montanhas de Mammoth.
Pelo fato de estar buscando um pouco de lazer ao ar livre, LeMarque levou pouco suprimento e equipamento. Não levou comida, roupas extras e a bateria de seu celular estava descarregando - e certamente não havia o bastante para aguentar por algumas horas, quanto mais por sete noites perdido nas montanhas. No entanto, ele levara um MP3 player. Mesmo parecendo o último recurso possível, foi esse pequeno aparelho que salvou sua vida.
Quando percebeu que estava sozinho, sua primeira reação foi positiva: juntar gravetos e fazer uma fogueira. Dependendo da situação, ficar quieto e esperar por auxílio é uma opção viável. Não conseguindo manter o fogo, ele decidiu continuar andando. Infelizmente, tomou a direção errada. Nos dias que se seguiram, LeMarque viajou cada vez mais para longe de seu abrigo. No caminho, encarou baixas temperaturas e fome e, depois de cair numa correnteza, quase foi levado a uma cachoeira de 24 metros de altura.
A provação de sete dias de LeMarque gerou uma gangrena tão grave que os tecidos da pele das extremidades dos membros inferiores sofreram danos irreversíveis, e seus pés e grande parte das pernas tiveram de ser amputados. Depois de perder 16 kg, o esportista ficou bastante subnutrido. Segundo a Newsweek, em determinado momento, no auge da exaustão, LeMarque estava alucinado e imaginando que estava num videogame. Chegou a pensar: "O jogo acabou... vamos voltar ao ponto zero. Eu desisto". Entretanto, ele não desistiu e sobreviveu.

Como Eric salvou a própria vida

A vontade de viver e algumas idéias inteligentes mantiveram Eric LeMarque vivo. Bem, isso e uma ajudinha da indústria de entretenimento. Depois de recordar uma cena de um filme, ele criou uma bússola funcional. Utilizando isso e um sinal potente emitido pelo rádio de seu MP3 player, LeMarque mudou, com sucesso, o sentido da caminhada, começou a andar em direção a seu abrigo e, finalmente, alcançou seu resgate.





Um canivete com múltiplas funções como este é obrigatório em suas aventuras 
Ele tomou outras decisões fundamentais que, sem dúvida nenhuma, ajudaram sua sobrevivência. Em vez de comer aquilo que estava à disposição (neve), LeMarque comeu sementes de pinha e casca de árvore. Ingerir neve pode ser muito perigoso, porque baixa a temperatura do corpo. Para evitar baixar mais ainda a temperatura do corpo, ele não acampou diretamente no chão gelado. Usando a prancha de snowboarding como eixo, criou uma superfície isolante de fragmentos de árvore entre seu corpo e a terra gelada coberta de neve. Essas decisões lúcidas asseguraram que, em última instância, Eric LeMarque não congelasse até a morte. Usando equipamentos pouco tradicionais, como um MP3 player para se direcionar ou uma prancha de snowboarding como eixo, sua criatividade ajudou a superar o fato de estar mal preparado. Entretanto, como afirmou aos repórteres da Newsweek, a próxima vez que praticar snowboarding (ele de fato planeja isso), estará com certeza muito mais preparado.

Sobrevivendo apesar de um ferimento

"Em segundos, toda minha perspectiva mudou. As cansativas e assustadoras horas da noite foram esquecidas... eu poderia fazer algo positivo. Poderia me arrastar, subir e continuar fazendo isso até escapar daquela cova".
Quando Joe Simpson e Simon Yates iniciaram a jornada para escalar a Siula Grande, uma montanha de 6.401 metros na Cordilheira dos Andes, ambos estavam extremamente empolgados com a aventura. Sem dúvida, a empolgação aumentava à medida que os dois rapazes faziam o trajeto da Siula Grande sem nenhuma problema. Isso se transformou em medo quando as avalanches começaram, desorientando os alpinistas, e a volta tornou-se muito mais difícil. Para se movimentar entre as enormes fendas que surgiam, eles decidiram continuar o trajeto amarrados um ao outro. De repente, o inesperado aconteceu: Simpson caiu, chocando violentamente os ossos da parte inferior da perna com o joelho. É claro que ele não poderia continuar a escalada.

Com 91,4 metros de corda, Yates e Simpson elaboraram um plano. Yates deixaria Simpson descer e esperaria por uma puxada na corda. O sinal indicaria que Simpson estaria firme e que a situação seria segura para Yates fazer o mesmo. Infelizmente, caiu a noite e a avalanche veio tão repentinamente que Yates, acidentalmente, fez Simpson ficar à beira de um precipício, pendurado no ar. Não havia como saber se existia algo abaixo de Simpson. As condições da nevasca tornaram impossível a comunicação entre os dois. Yates segurou a corda por uma hora, mas, ao perceber que ao menos que a corda fosse cortada, ambos morreriam, Yates teve que tomar uma difícil decisão: cortar a corda.





Siula Grande

Caindo para o abrigo

Quando Yates cortou a corda, Simpson caiu numa fenda. Depois de vários montes de neve terem amortecido sua queda, ele caiu sobre uma saliência de gelo. Em meio a uma quase total escuridão e um frio de rachar, com precipícios desconhecidos ao redor, Simpson decidiu usar os restos da corda para descer às profundezas ainda existentes. Em seu livro, "Touching the Void" (Tocando o vazio), ele explica: "Em segundos, toda minha perspectiva mudou. As cansativas e assustadoras horas da noite foram esquecidas... eu poderia fazer algo positivo. Poderia me arrastar, subir e continuar fazendo isso até escapar daquela cova".
Ele foi descendo até encontrar o chão; quando veio o amanhecer, Simpson pôde subir até a lateral da montanha. Ele não estava ainda completamente a salvo: teria de descer e cruzar um vale rochoso, apesar de sua perna quebrada. Continuou a impulsionar a si mesmo cantando "Mexa-se, pare de cochilar, mexa-se!". Uma grande determinação tirou Joe Simpson de Siula Grande. No final, Simon Yates sobreviveu também, após uma descida terrível até seu abrigo.
O resultado
O livro de Joe Simpson, "Touching the void", sobre sua experiência nas montanhas transformou-se também em um grande filme. Enquanto várias pessoas criticam o fato de Yates ter cortado a corda, Simpson é o primeiro a admitir que teria feito a mesma coisa. Na verdade, ele disse que ficou surpreso que o amigo ainda tivesse tentado ficar com um alpinista ferido.
A experiência de Simpson foi certamente assustadora e, para muitos, quase impensável. Mas, como vários sobreviventes, a vontade de continuar vivendo foi maior que a outra opção - a decisão de se deixar abater pela dor ou pelo desespero. Depois de várias cirurgias, a perna de Simpson está totalmente recuperada e ele continua a escalar montanhas.

Ferido, mas não sozinho

"Tudo conspirava contra nós. Mas estávamos determinados a continuar vivendo".
O que começou como uma simples caminhada partindo do acampamento em Chute Canyon, em Utah, logo se transformou em acidente para os irmãos Justin e Jeremy Harris. Os dois estavam fazendo rapel num grande rochedo quando Justin escorregou e caiu mais de 3 metros, quebrando a perna logo abaixo do joelho. Com a noite se aproximando rapidamente, depois de uma breve discussão, eles perceberam que Jeremy precisava deixar Justin para ir atrás de ajuda. "Tudo conspirava contra nós", disse Justin. "Mas estávamos determinados a continuar vivendo".
Após Jeremy ter acomodado seu irmão com roupas isolantes, comida e água, retornou ao camping, que estava a 6,4 km de distância. Infelizmente, Jeremy tomou o caminho errado, indo parar num outro cânion, a 3,2 km, em meio a várias fendas cheias de água. Ele sabia que não iria durar muito tempo encharcado e sob baixas temperaturas - então parou e montou uma fogueira para se secar. No caminho, a lanterna de Jeremy gastou duas cartelas de pilhas e a água acabou. Finalmente, depois de mais de 20 horas desgastantes, Jeremy conseguiu chegar ao camping - e a seu telefone celular - para relatar o incidente. A hipotermia e o choque térmico de Jeremy foram tratados mais tarde, num hospital das redondezas.
Enquanto isso, Justin tentava manter sua perna elevada num amontoado de corda. Ao amanhecer, ele ansiava por temperaturas mais quentes, mas pelo fato de estar num vale tão profundo, viu apenas meia hora dos raios do sol. A esperança de Justin em ser resgatado no mesmo dia também não vingou. Além disso, teve de agüentar mais uma noite de baixas temperaturas antes que o auxílio chegasse. O rapaz ficou entre as escarpas por mais de 36 horas, rodeado por lama e água gelada, lutando contra a hipotermia e contra a dor da perna quebrada.

Vencendo os obstáculos






Foto cedida por Shane Burrows
Jeremy Harris caminhou em meio às fendas cheias de água, semelhante ao que vemos aqui no Bluejohn Canyon


Para tirá-lo de lá, o grupo de resgate amarrou Justin num tobogã de fibra de vidro e metal, e ele foi trazido para um rochedo a uma altura de 136 metros. Um membro da equipe colocou um cobertor sobre a cabeça de Justin para ele não perceber a altura durante a suspensão de cinco horas pelo helicóptero.
Ao contrário de Eric LeMarque, quando aconteceu o desastre os irmãos Harris tinham um ao outro. Justin e Jeremy Harris sobreviveram à provação principalmente porque estavam juntos. Também ajudou o fato de estarem bem equipados e saberem o que fazer numa emergência. Os irmãos concordaram que seria melhor para Jeremy buscar ajuda e sabiam que Justin deveria deixar sua perna elevada, para diminuir a inflamação. Pelo fato de estarem acampando, os irmãos também levaram o tipo de roupa certa, bem como comida e água. Justin estava isolado das baixas temperaturas que o rodeavam e tinha comida e água suficiente para mantê-lo enquanto Jeremy buscava ajuda.
Enquanto estava preso em meio aos rochedos, ele quebrou as garrafas de água nas pedras e comeu lascas de gelo para se manter hidratado. Esse tipo de raciocínio salvou sua vida. Agora, Justin necessita apenas de um imobilizador de perna. Como muitos outros sobreviventes, Justin disse que pensava em sua família - sua esposa e seus quatro filhos - e isso sustentou sua vontade de sobreviver.

Quando os animais atacam

Numa manhã de novembro de 2003, Bethany Hamilton fez algo corriqueiro: foi à praia de Makua em Kauai, no Havaí, para surfar. Surfista desde os 13 anos, Bethany normalmente encarava o mar com sua prancha junto de sua melhor amiga e também surfista Alana Blanchard. Naquela manhã, ela e Alana estavam com Holt e Byron, respectivamente pai e irmão de Alana. Por volta das 7h30, um tubarão tigre, entre 4 e 4,5 metros, abocanhou de repente o braço esquerdo de Bethany, logo abaixo do ombro.





Um tubarão tigre
"Ninguém viu o tubarão", afirmou Noah, o irmão de 21 anos de Bethany, que complementou dizendo também que o dia estava calmo e a água do mar, cristalina. Depois que a menina foi atacada, em vez de entrar em pânico e afundar, ela se dirigiu até seus amigos, com apenas um braço. Ao voltar, fez questão de alertar os outros surfistas e banhistas que estavam próximos, começando a gritar que havia um tubarão nas redondezas. Muitos amigos e familiares de Bethany destacam sua força, ressaltando que ela nunca se lamentou sobre o incidente. Mesmo os médicos ficaram surpresos com sua determinação.
Bethany surfando antes do ataque de tubarão





Dicas:
A melhor defesa contra um ataque de tubarão é um bom ataque. As medidas abaixo, sugeridas pelo U.S. Department of Land and Natural Resources, podem diminuir o risco de ataques de tubarões.
  • não nade sozinho
  • nade em áreas seguras
  • evite nadar à noite
  • não nade com ferimentos ainda não cicatrizados
  • evite águas turvas
  • não use jóias ou cores muito contrastantes
  • evite ficar batendo na água
  • não entre na água se houver sinal de tubarões
  • esteja alerta se tartarugas ou peixes estiverem se afastando do local
  • retire peixes mortos da água
  • saia da água se os golfinhos estiverem agitados.
Créditos: How Stuff Works

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